Como cobrar consulta na Advocacia?

Esta é uma pergunta que nós, advogados, nos fazemos constantemente. A cobrança de consultas não é um problema recente na advocacia, pelo contrário, se arrasta há anos sem uma solução definitiva.

As seccionais criaram tabelas, inclusive precificando o valor mínimo da consulta do advogado, além de promover diversas campanhas de valorização da advocacia, mas nada parece resolver.

A situação se complica quando o advogado é iniciante, isto porque não tem processos em andamento, nem carteira fixa de clientes, muito menos mensalistas, e quando surge um cliente interessado no serviço, o iniciante se submete as condições para conseguir demonstrar seu trabalho. É compreensível.

Todavia, a falta da cobrança de consultas, definitivamente, não é um problema da advocacia iniciante. O problema atinge toda a advocacia, tanto os advogados mais velhos, quanto os mais novos na profissão.

Poderia as seccionais juntamente com as subseções obrigar o advogado a cobrar pela consulta? Entendo que não. A "campanha" de valorização do trabalho é uma iniciativa que tem que vir dos advogados e não da ordem. Não há campanha que solucione o problema se os advogados não quiserem implantar nos escritórios.

Qualquer profissional liberal, como regra, cobra consulta (ressalvadas as exceções). Profissionais da área médica, dentistas, nutricionistas, psicólogos, todos cobram consulta, independente de resolverem o problema do cliente. Na advocacia, a cobrança da consulta, infelizmente, é a exceção (mesmo que o problema seja resolvido) mas a cobrança da consulta é referente a disposição temporal do profissional da área jurídica em tentar solucionar o problema do cliente. O tempo do profissional precisa ser remunerado.

O entrave é a cultura da falta de cobrança que existe na advocacia. Como disse, é um problema antigo, mas que precisa ser resolvido. Será que daqui há 10 anos o profissional não conseguirá cobrar consulta?

Na realidade, sempre voltamos a questão: se eu cobrar a consulta, perco o cliente para o colega da esquina que não cobra consulta, o que faz sentido. Se o cliente tem condições de procurar alguém que não cobra consulta, obviamente que este terá preferência. O que fazer então?

A sugestão é cobrar aos poucos. Se não for possível cumprir a tabela, cobre menos, e se for preciso desconte o valor da consulta nos honorários contratuais, o importante é seu cliente entender que você cobra consulta. Lembre-se também de que se não havia cobrança até o momento, você precisa fazer um atendimento diferente para justificar a cobrança, ofereça o máximo de empenho - uma verdadeira consulta (e não uma simples conversa entre cliente e advogado), entendendo o problema do cliente, traçando meios de resolução do problema e explicando cada possível caminho.

Sob esta perspectiva, mesmo que não resolva imediatamente o problema, aos poucos vamos mudando a cultura, superando paradigmas, e doutrinando os clientes de que a consulta do profissional da advocacia deve ser remunerada!